Segue o teu destino
Rega as tuas plantas
Ama as tuas Rosas
O resto é a sombra
Das árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.
Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida
Nunca a interrogues
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o olimpo
No teu coração
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, 1916